Assassinato de César, Anónimo
Há 9 anos atrás, num qualquer sítio de lazer, escutei este diálogo, entre "J" e "V" (estou farto do A e do B) que me deixou impressionado:
«V: - Olha, vou apresentar-te os meus projectos: pretendo viajar pelo mundo, fazer n workshops, provavelmente um curso no estrangeiro e aprender uma série de técnicas.
Depois de escutar tudo atentamente, sendo que por economia não identifiquei tudo o que escutei, e também, diga-se em abono da verdade, que metade não ouvi, "J", responde, em jeito de reparo.
J: - Olha, muito bem, fico muito contente, mas posso fazer-te uma pergunta?
V: - Sim, podes, todas.
J: - Segundo o que te ouvi dizer, acho que sei qual é a minha posição da tua vida.
V: - Que queres dizer com isso? Pergunta "V", não conseguindo disfarçar o espanto face a tão estranha observação.
"J" com um sorriso, continua.
J: - Concluo, e não querendo de forma alguma limitar as tuas vontades, antes pelo contrário, tens todo o meu apoio, que eu para ti sou como o trabalho para o brasileiro.
V: - Que dizes? empalidecendo.
E com um sorriso cândido, de quem respeita profundamente, "J" termina o seu raciocínio:
J: - Sim, estou 100 vezes atrás do último, é que nem o meu nome referiste.
"V", com um sorriso de assentimento, recheado de verdade, honestidade e coerência, responde:
V: - Sim, é verdade...
"J", levanta-se do sofá, acaricia-lhe a face, beija-a profundamente na testa e solta, enquanto que da cara de "V" já corre uma lágrima em fio:
J: - Não te vou deixar. No amor e na vida o mais fácil é desistir e eu não o vou fazer, até porque se o fizer, vou ficar contigo na mesma, só que ao longe.
«V: - Olha, vou apresentar-te os meus projectos: pretendo viajar pelo mundo, fazer n workshops, provavelmente um curso no estrangeiro e aprender uma série de técnicas.
Depois de escutar tudo atentamente, sendo que por economia não identifiquei tudo o que escutei, e também, diga-se em abono da verdade, que metade não ouvi, "J", responde, em jeito de reparo.
J: - Olha, muito bem, fico muito contente, mas posso fazer-te uma pergunta?
V: - Sim, podes, todas.
J: - Segundo o que te ouvi dizer, acho que sei qual é a minha posição da tua vida.
V: - Que queres dizer com isso? Pergunta "V", não conseguindo disfarçar o espanto face a tão estranha observação.
"J" com um sorriso, continua.
J: - Concluo, e não querendo de forma alguma limitar as tuas vontades, antes pelo contrário, tens todo o meu apoio, que eu para ti sou como o trabalho para o brasileiro.
V: - Que dizes? empalidecendo.
E com um sorriso cândido, de quem respeita profundamente, "J" termina o seu raciocínio:
J: - Sim, estou 100 vezes atrás do último, é que nem o meu nome referiste.
"V", com um sorriso de assentimento, recheado de verdade, honestidade e coerência, responde:
V: - Sim, é verdade...
"J", levanta-se do sofá, acaricia-lhe a face, beija-a profundamente na testa e solta, enquanto que da cara de "V" já corre uma lágrima em fio:
J: - Não te vou deixar. No amor e na vida o mais fácil é desistir e eu não o vou fazer, até porque se o fizer, vou ficar contigo na mesma, só que ao longe.
Parece estranho, mas lembrei-me desta história a partir da sociedade contemporânea e da compreensão da relação ao trabalho. Assim, um primeiro apontamento prende-se com a noção de insistência e desistência. Segundo a minha perspectiva, só a segunda é voluntária, por incrível que pareça, pois que a primeira acontece mesmo quando não queremos, pois estamos longe de ser uma máquina.
Um segundo apontamento prende-se com esta forma de estar na vida que corresponde a uma completa e total desresponsabilização, na celebração do Eu na invisibilidade do outro. Tudo é usado e trocado, como quem salta de ramo em ramo, à velocidade da luz e mesmo a palavra, reflexo prioritário da nossa capacidade intelectual, impulsionador do desenvolvimento individual e geral é usada à toa. Dizendo o que se deseja, não fazendo o que se diz. Uma eterna vontade adiada, reflectida nas atitudes e nos processos. E face a isto digo: - Palavras, palavras leva-as o vento e ás vezes com a velocidade da borrasca; Viva o descartável, rapidamente reciclável e renovável.
Se a sociedade laboral contemporânea está na era da flexibilidade, porque não também o resto? Não é a sociedade Societal? Não será a lógica geral fruto das cambiantes particulares e vice-versa, obedecendo a um princípio incontornável de reflexividade? Mas e quando contarmos a nossa história, que imagem passaremos? A imagem de patetas saltitões, fábulas e fantasias operacionalizadas, que entre sms´s, emails e redes sociais virtuais, jogam ás cartas com valores e princípios expostos ao vento, já sem o escudo da boa-fé e sem qualquer pudor. Quem hoje é A, amanhã é B e tudo entre sorrisos e abraços regados com: "- Olá.... mas....? Aí sim, mas então!....?? Tudo bem, fizeste bem". Faz lembrar um jogo de futebol, muda-se a táctica, levanta-se a placa, faz-se a substituição e é a loucura.
Mas tal como no jogo de futebol, onde ás vezes a substituição é mal feita, ou os adeptos não gostam por este ou aquele motivo, invocando assim a ausência de linearidade e de lógica, pois há sempre o domínio do acaso fruto da imprevisibilidade , na vida nem tudo é mau, e existem as excepções, que nos dão lições de vida, as excepções que nos prostram, de forma positiva entenda-se, face à nossa condição e nos lembram o quão humanos (ainda) podemos ser, porque pura e simplesmente custa-lhes desistir de si. São os bons treinadores.
Um segundo apontamento prende-se com esta forma de estar na vida que corresponde a uma completa e total desresponsabilização, na celebração do Eu na invisibilidade do outro. Tudo é usado e trocado, como quem salta de ramo em ramo, à velocidade da luz e mesmo a palavra, reflexo prioritário da nossa capacidade intelectual, impulsionador do desenvolvimento individual e geral é usada à toa. Dizendo o que se deseja, não fazendo o que se diz. Uma eterna vontade adiada, reflectida nas atitudes e nos processos. E face a isto digo: - Palavras, palavras leva-as o vento e ás vezes com a velocidade da borrasca; Viva o descartável, rapidamente reciclável e renovável.
Se a sociedade laboral contemporânea está na era da flexibilidade, porque não também o resto? Não é a sociedade Societal? Não será a lógica geral fruto das cambiantes particulares e vice-versa, obedecendo a um princípio incontornável de reflexividade? Mas e quando contarmos a nossa história, que imagem passaremos? A imagem de patetas saltitões, fábulas e fantasias operacionalizadas, que entre sms´s, emails e redes sociais virtuais, jogam ás cartas com valores e princípios expostos ao vento, já sem o escudo da boa-fé e sem qualquer pudor. Quem hoje é A, amanhã é B e tudo entre sorrisos e abraços regados com: "- Olá.... mas....? Aí sim, mas então!....?? Tudo bem, fizeste bem". Faz lembrar um jogo de futebol, muda-se a táctica, levanta-se a placa, faz-se a substituição e é a loucura.
Mas tal como no jogo de futebol, onde ás vezes a substituição é mal feita, ou os adeptos não gostam por este ou aquele motivo, invocando assim a ausência de linearidade e de lógica, pois há sempre o domínio do acaso fruto da imprevisibilidade , na vida nem tudo é mau, e existem as excepções, que nos dão lições de vida, as excepções que nos prostram, de forma positiva entenda-se, face à nossa condição e nos lembram o quão humanos (ainda) podemos ser, porque pura e simplesmente custa-lhes desistir de si. São os bons treinadores.
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