Boa noite,
Após uns logos 5 anos de árduo trabalho, avanços e recuos, apresentei a última carta do nosso naufrago, melhor, não se pode dizer que tenha sido a última no sentido
físico, mas antes no sentido de que não consigo discernir mais nada daquilo que
se me apresenta à minha frente. Para mim, trata-se apenas de uma massa de papeis,
disforme, indecifrável. Contudo, aquela que defini como última, parece-me a mim ter sido mesmo a última, até pelo seu conteúdo, se bem que não não há qualquer forma de saber quando a garrafa foi jogada ao mar, pois pode muito bem ter sido lançada durante a suposta viagem de regresso ou até mesmo depois desse regresso. Tais considerações estão para além das minhas capacidades. Talvez o próprio, se por algum acaso se cruzar com estas linhas, possa um dia revelar o que de facto de passou.
Tentei com todo o meu engenho, limitado por natureza, decifrar os escritos, sendo que muitos deles se encontravam, e encontram, num estado lastimável, quase impossíveis de manusear. Não acrescentei nada ou adaptei. Está apenas publicado o que consegui compreender.
Sito o autor na despedida:
"Aceito a condição de naufrago, recusando a condição de naufragado. Órfão de ti, órfão de nós -reconhecendo a condição de que tudo morre, mas que nada nos deixa - como progenitor da minha própria vida, parto como navegador solitário, a condição por excelência do ser humano, em busca do porto de abrigo, em busca de ti."
"Aceito a condição de naufrago, recusando a condição de naufragado. Órfão de ti, órfão de nós -reconhecendo a condição de que tudo morre, mas que nada nos deixa - como progenitor da minha própria vida, parto como navegador solitário, a condição por excelência do ser humano, em busca do porto de abrigo, em busca de ti."
Lisboa, 02 de Dezembro de 2014
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