"[...] Além disso, não há dúvida de que os disfuncionamentos sociais e a crise económica influenciam a ascenção do fascismo, embora não sejam a sua causa: o fascismo está demasiado enraizado no culto do ressentimento e do vazio social. Teer Braak não se mosta muito surpreendido com o papel dos intelectuais, muitos dos quais personificam a falta de cultura: podem ter lido imenso, mas há muito que perderam o sentido crítico."
REIEMAN, ROB, O Eterno Retorno do Fascismo, Trad., Maria Carvalho, Bizâncio, Lx, 2012, pp.35
Caros Amigos,
Voto em branco há seis anos e nunca fui a favor do voto útil.
Como social democrata de inspiração germânica/nórdica que me considero, não existe neste país ninguém que me encha as medidas.
Custe a quem custar (e custa muito) a coisa
mais próxima que temos de um verdadeiro partido social democrata é o BE (o quão
devem estar arrependidos do nome que escolheram) mas que dificilmente terá
hipótese neste país órfão de estado novo profundamente marcado pelo
individualismo, pelo sectarismo, pela corrupção, pela falta de participação
cívica e por um processo revolucionário mal explicado e sorrateiramente ainda em curso (e pela morte de um
primeiro-ministro). Contudo, diga-se em abono
da verdade que os males do BE não se limitam ao nome, pois não deixa de ser
verdade que se perdem muitas vezes em questões menores. Mas não é este o local.
O motivo pelo qual escrevo isto justifica-se pelo facto de acreditar que nenhum de vós é apoiante do neofascismo do CHEGA, movimento “político-partidário” que deve ser considerado como “monstro”, “monstro” esse que cresce no nosso quintal e a quem temos que “cortar a cabeça”.
Perguntam-me vocês: Mas então, que raio de Democracia
temos que apela a uma intolerância? A resposta encontra-se no paradoxo de
Popper (o intolerante não tem lugar num espaço de tolerância, porque pura e simplesmente
não tolera) e à luz do mesmo justifica-se o argumento “são necessários actos anti-democráticos
para manter a democracia”, sendo que neste caso só mesmo a expressão “cortar a cabeça”
pode ser considerada anti-democrática, pois o instrumento a que aqui se apela (o sufrágio)
é per si um bastião democrático.
O marxismo socio-político é uma chatice, incendiou muitas vezes o mundo e continua
a fazê-lo. Dizer ao ser humano que todos somos iguais e que a lei enforma o
poder (e não o inverso) continua a ser uma chatice. O e quero, posso e mundo não tem lugar na sociedade democrátia. A lei que me defende é a lei a que me submeto. São as regras do jogo.
Neste sentido, saiam de casa no próximo dia 24/01/2020 e votem. Eu vou fazê-lo e numa mulher de esquerda, social-democrata, Marisa Matias.
Um apontamento final:
"On the final day of the
Constitutional Convention in 1787, when our Constitution was adopted, Americans
gathered on the steps of Independence Hall to await the news of the government
our founders had crafted. They asked Benjamin Franklin, ‘What do we have, a
republic or a monarchy?’ Franklin replied, ‘A republic, if you can keep it."
É nossa responsabilidade manter a Democracia, é uma exigência moral.
Deixo-vos dois textos. Reflictam neles, os “monstros”,
tal como os pesadelos, fazem muito pouco barulho, mas fazem com que acordemos
sempre aos gritos.
Uma análise geral:
https://outraspalavras.net/geopoliticaeguerra/europa-os-medos-convocam-os-monstros/
A reposta de um país a sério, liderado por uma mulher que respeita o passado:
https://en.wikipedia.org/wiki/2019_Thuringian_state_election
Um bom resto de dias e nunca nos esqueçamos do seguinte: A essência do eu é a liberdade e o poder de auto-determinação. Isto nunca nos pode ser subtraído.
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