«[...] O vencedor goza, para o resto da vida,
uma ventura doce como o mel, graças aos prémios.
Um bem que não se perde acompanha os mortais
até ao fim.[...]»
PÍNDARO, 1ª Ode Olímpica, antístrofe 4ª 95 - 100, Tradução de Professora Maria Helena da Rocha Pereira, Biblioteca Sudoeste, Porto 2003
Agora que entrámos nas últimas 11 horas deste ano de 2005, que entrámos nesta coisa que gostamos de chamar de "contagem decrescente" - e não andaremos nós sempre em contagem decrescente, neste nosso encaminhamento para nenhures - venho deixar aqui o apelo e os votos de um excelente ano de 2006 a todos aqueles que conheço. Sim, não só a amigos, ou colegas, ou familiares, nem em especial para nenhum deles, nem hipocritamente para todo o mundo, ao modo do concurso miss universo, mas sim para todos os que conheço.
Não sendo claramente perceptível nenhum corte de um dia para o outro, que o façamos na nossa mente; se não com a nossa vida quando a mesma corre bem, que façamos então uma ponte na renovação da esperança, neste embalar doce que nos abre para mais sentido, para a expectativa total em torno de nós, em torno das possibilidades da nossa existência e que nos permite ser, que nos permite continuar a ter tudo para ser na direcção do horizonte da felicidade.
Deixemos de lado o apelo amargo da saudade do que já foi, do que já fui, esse apelo surdo, voraz, cadenciado e impossibilitador da concretização da nossa existência, esse querer ser onde já não se está e onde já se foi e que nos rouba território para ser.
Assim, continuemos esta nossa valsa mortal, vamos levar esta "nossa doença" a bom porto, buscando a calma, a tranquilidade, procurando a clarificação e sossego da consciência. Esforcemo-nos por ser correctos, rectos, justos, nem que para isso tenhamos que sofrer e nos prejudicar. Esforcemo-nos por nos deitar não na companhia de fantasmas ou vozes, a voz do podia ter sido, do podia ter feito, mas sim na companhia das estrelas, pois sempre que consigamos inspirar e expirar fundo, sempre que consigamos dar uma cadência de paz e tranquilidade a esse ultimo acto de vigília antes do sono retemperador, teremos por tecto as estrelas e não a clausura de uma parede paralela a nós que serve de topo à cela a que chamamos quarto, pois muitas vezes o chamado refugio é nada menos que a cela, essa cela onde somos forçados a conviver connosco, na mais pura perantidade que é estar aqui, no mais puro dos isolamentos e onde o monólogo dialogado é mais forte e intenso.
Desejo-vos a vós e a mim, paz, calma tranquilidade e força, força para continuar esta valsa, força para ver neste ganho de lucidez que é a consciência de si uma bênção e não uma força impossibilitadora, de vontade de desistência, e como é feroz adornar uma anulação - uma paragem - com um elemento linguístico indiciador de acção.
Bem hajam todos vós, até 31/12/2006 e renovemo-nos todos os dias.
sábado, dezembro 31, 2005
Bom Ano
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